Exames regulares fazem parte da rotina de cuidado com a saúde de qualquer pessoa, mas alguns deles, que são considerados mais invasivos, causam certo receio por serem muito cheios de tabus e dúvidas entre os pacientes. Um dos exemplos clássicos nesse caso é a endoscopia.
No entanto, não há motivo para ter medo desse exame. Atualmente, com o avanço da medicina e com todos os cuidados que são tomados para que não haja dor ou desconforto, ele é um teste totalmente seguro – além de ser essencial para diagnosticar doenças no sistema digestivo.
Com o objetivo de esclarecer dúvidas que rondam esse exame, explicamos aqui os principais pontos e características para que você se sinta mais seguro e tranquilo para fazê-lo. Boa leitura!
Como é feita e para que serve a endoscopia
Conforme falamos logo acima, a endoscopia é um exame que avalia seu sistema digestivo, principalmente a parte superior do tubo digestivo: esôfago, estômago e a parte inicial do intestino, o duodeno. Por isso, também é conhecida como endoscopia digestiva alta, e é realizada por via oral, ou seja, pela boca.
Quando você apresenta sintomas como falta de apetite, perda de peso, dor abdominal, vômitos, queimação, azia e má digestão, o médico gastroenterologista pode solicitar a endoscopia. Em casos de histórico familiar de câncer, ele é feito com mais frequência para monitoração.
Vamos agora a um passo a passo de como esse exame funciona – detalhamos cada etapa a seguir, acompanhe.
Preparação para a endoscopia
Para que seja possível visualizar seus órgãos de maneira adequada, é necessário fazer um jejum de 8 a 12 horas – essa variação depende se o exame será feito pela manhã ou pela tarde. E o jejum é total, mesmo, isto é, nem água se pode beber nesse tempo.
Além disso, recomenda-se fazer refeições mais leves antes do período de jejum, uma vez que o estômago será esvaziado mais facilmente e a chance de haver resíduos que dificultam a visualização diminui.
Lembre-se de levar um acompanhante com você no dia da avaliação, pois isso é obrigatório. Basta que a pessoa que irá com você seja maior de 18 anos.
Sedação para o exame
Essa é a parte que costuma deixar pacientes bastante ansiosos, porém, mais uma vez, reforçamos que é um procedimento seguro, e a analgesia é essencial para que você não sinta dor.
Assim, a medicação é administrada na veia e seu efeito dura somente o tempo do exame, que costuma ser por volta de 15 minutos. Então, você não irá ficar sob efeito por tanto tempo, certo?
Procedimento
Estamos falando de um exame de imagem, ou seja, do tipo que mostra estruturas internas do nosso organismo.
Então, pouco antes da realização do teste, você toma um remédio que elimina gases e bolhas que podem atrapalhar o procedimento. Então, quando a sedação faz efeito, o endoscopista utiliza uma máscara que mantém a boca aberta e introduz o endoscópio na garganta.
O endoscópio é aquele aparelho flexível que tem uma câmera para registrar imagens e uma luz em sua ponta para que a visualização seja clara. As imagens em tempo real aparecem em um monitor e o médico faz a avaliação dos tecidos, tira fotos e remove materiais, como pólipos, se percebe que algo precisa ser investigado.
Durante toda a realização do procedimento, monitora-se a oxigenação (você fica conectado e uma fonte de oxigênio) e a frequência cardíaca do paciente.
Recomendações pós-endoscopia
De preferência, no dia de fazer a endoscopia, tire o dia de licença, pois é bastante normal que as pessoas se sintam mais moles e sonolentas nas horas seguintes ao exame, por até 24 horas. Inclusive, assim que ele termina, você tem que ficar de 15 a 30 minutos em uma sala para que o efeito mais intenso da sedação passe.
Depois que você for pra casa com seu acompanhante, não dirija por um dia inteiro e fique de repouso por mais ou menos 12 horas. Esse é o tempo necessário para a sedação passar totalmente. Por isso, evite consumir bebida alcoólica durante esse período.
É possível que haja um leve desconforto na garganta por causa da inserção do endoscópio, mas ele não dura muito tempo.
Interferência de medicação no teste
Fizemos esse tópico em especial, porque é necessário levar em conta alguns cuidados em relação a remédios que podem interferir no exame, principalmente os anticoagulantes e antiagregantes plaquetários.
Caso você faça uso desses medicamentos, converse com seu médico. Geralmente, não é necessário suspender o uso para fazer a endoscopia, mas é necessário avaliar cada caso. Pacientes diabéticos devem ficar atentos em relação a insulina por causa do tempo de jejum exigido.
Principais doenças diagnosticadas
Agora que você já sabe como o exame funciona, já deve estar mais tranquilo. Então vamos conhecer quais patologias o teste ajuda a diagnosticar:
- Úlceras;
- Gastrite;
- Duodenite;
- Esofagite;
- Refluxo;
- Infecção pela bactéria H.pylori;
- Hérnia de hiato;
- Câncer de esôfago, estômago ou duodeno, mesmo em estágio inicial.
Assim como explicamos nas etapas, caso algo suspeito seja encontrado, o médico pode recolher tecidos para uma investigação mais detalhada, como a biópsia, e exames adicionais são pedidos.
Gastroenterologista e sua importância para a saúde
Também conhecido como gastro, é esse médico o responsável por cuidar da saúde de todo o sistema gastrointestinal – que começa na boca e vai até o ânus. Esse especialista é quem vai avaliar sua saúde e quais exames são necessários para um diagnóstico preciso.
É com ele que você vai conversar sobre seus sintomas e tirar suas dúvidas em relação ao que fazer. Aliás, pelo fato de a endoscopia ser um exame mais invasivo, o gastro vai te ajudar a avaliar a real necessidade da realização desse teste.
Só para esclarecer a importância desse profissional, precisamos ressaltar mais alguns aspectos relacionados à gastroenterologia.
Bactérias do bem
O trato gastrointestinal (boca, esôfago, estômago e intestino) possui trilhões de microorganismos (bactérias, fungos e vírus) que formam um microbioma que começa a se desenvolver quando nascemos.
No entanto, esse microbioma varia bastante de uma pessoa para outra, pois ele depende diretamente do estilo de vida que ela leva, bem como sua alimentação. O intestino se comunica diretamente com nosso cérebro e, portanto, são órgãos essenciais um ao outro.
Sendo assim, o intestino interfere em nosso humor e saúde mental e, por isso, precisa estar saudável. E o que é bem-estar também varia de uma pessoa para outra, pois cada uma tem sua necessidade alterada até por fatores ambientais.
Algumas atitudes ajudam a melhorar o funcionamento de nosso trato gastrointestinal, como as seguintes:
- Uso de probióticos, que deve ser ajustado conforme a resposta do paciente ao tratamento;
- Evitar o uso de antibiótico sem necessidade, pois eles alteram muito o microbioma intestinal;
- Manter uma alimentação rica em vegetais, grãos integrais, castanhas, sementes, legumes, feijão e frutas frescas;
- Consumir alimentos fermentados que contenham as boas bactérias, os lactobacilos, e chocolate amargo, que é rico em polifenóis;
E, claro, faça visitas regulares a seu médico de confiança. A prevenção, como se pode perceber, vai muito além de consultas, uma vez que ela passa também por seus hábitos alimentares e estilo de vida.
Sem medo de cuidar da saúde
Acreditamos que, após a leitura desse texto, esteja claro como não há necessidade de sentir medo de fazer um teste, pois todos os cuidados necessários são tomados para que tudo corra bem.
Exames como a endoscopia ajudam a diagnosticar precocemente doenças que podem ser tratadas e excluir a necessidade de uma cirurgia, mas é um processo que também depende de você. Portanto, cuide-se sempre e conte com a ajuda de um profissional qualificado para quando precisar de ajuda.